13 novembro 2007

Até quando?

Até quando será possível contemplarmos o vôo deslizante dos gaviões sob o límpedo céu azul-anil destas montanhas? Ou a sinfonia de pássaros em cada amanhecer? Os mergulhos precisos dos martim-pescadores ? A algazarra dos anus? O canto das juritis? O alegre cacarejo das galinhas d´agua? O balé dos vários tipos de beija-flores? Os sabiás roubando nossas amoras - mas compensando-nos com seu canto bucólico? As peripécias dos esquilos? As gargalhadas dos macacos saás? As aparições incautas dos cervinhos? Ou depararmo-nos com os passeios dos ouriços por entre a relva? Ou a surpreendente visita de uma preguiça? As investidas ousadas dos saruês? A rápida visão de um bando de guaxinins pela mata? O movimento sorrateiro das salamandras por entre as pedras? O susto ante a presença ameaçadora de temíveis jararácas e cascavéis - coisas muito menos amedrontande e nocivas quanto os males da grande cidade?
Ah... até quando meu Deus?
Até quando viveremos livres sem vizinho a nos cercar? Sem camisa e pé no chão? Vendo nossos cães e gatos felizes como uma linda família? E o Frederico, o papagaio, tagarela em seus dias inspirados? Nos cansarmos mas felizes e realizados com tarefas rurais ? Chegando carregados com pesados cachos de bananas 100% isentas de químicos? Ou jaboticabas em abundância? As amoreiras apinhadas de frutos? E consumindo o mais puro mel mas matas? Beber a mais pura água que brota da terra?
Vivendo no silêncio somente invadido pelo ruído das águas? Admirando a beleza das chuvas tão bem vindas? Tomando surra de água na cachoeira? Vendo o céu coalhado de estrelas? E luares iluminando o breu da mata? Ou o majestoso sol minguando, morrendo em diferentes tonalidades nas tardes de outono? A festa das flores quando rompe a primavera, entre magnólias, primaveras e ipês-amarelos? As noites quentes de verões mais que bem vindos? Até quando sentiremos a brisa serena deste clima serrano? Ou as frias manhãs de invernos indesejáveis, mas ainda assim, parte inexorável de nosso ciclo sazonal? Ouvir o vento na dança envolvente das ramagens das árvores...Até quando?
Até quando sentiremos os vários aromas ao caminhar pelo mato silvestre desta paisagem? A visão imponente da vegetação à nossa volta ? Até quando? Até quando? Até quando?

Receio não querer saber esta resposta. Que Deus abençoe nosso desejo de aqui permanecer. Se assim for para o nosso bem. Amém!

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