03 março 2011

Uma lição de vida

Apesar dos problemas que temos enfrentado aqui, relatados nos posts abaixo, assistir a este vídeo foi uma senhora porrada. Muitas vezes reclamamos das agruras da vida, mas nos esquecemos de quem tem muito mais limitações, enfrentando muito mais dificuldades. Assistam:


02 março 2011

A força das águas

Aqui antes da tragédia





 Nestas fotos as águas de 11 de janeiro como consequência de horas seguidas de chuvas fortes







































































Aqui o filme destas fotos:




E aqui dois filmes das chuvas de 28 de fevereiro (a postagem abaixo) - uma tragédia muito maior !!!





É isso. Vamos em frente!

01 março 2011

Canto ou Kaos das Águas? (relatos das montanhas)























Mal havíamos processado os acontecimentos de 11 de janeiro, quando a força das águas causou estragos consideráveis na casa sede (veja o filme aqui), e uma nova experiência dramática tomou conta de nossas vidas, em nossa saga vivendo nas montanhas. 
Ontem, um volume descomunal da água das chuvas voltou a trazer muita preocupação, tensão e incertezas. Estranhamente, o volume pluviométrico das chuvas de ontem foi menor do que as quase 24 horas ininterruptas daquele 11 de janeiro deste ano. Mas os estragos certamente foram numa escala no mínimo 10 vezes maior. 
Passava das 9 da noite quando minha mulher e eu, munidos de capa e lanterna,  descemos os 144 degraus que separam nossa casa (no alto) da casa sede. Um barulho ensurdecedor não deixava dúvidas quanto à situação que encontraríamos.
O açude havia transbordado novamente, mas numa agressividade muito maior e pior que da outra vez. E pior ainda era a certeza de que as águas haviam invadido a casa. Casa esta que já havia sido interditada pela defesa civil por conta do risco de solapamento, um dia após a inundação de janeiro. 
Retornamos impotentes a subida, sem poder imaginar em que extensão se dariam os estragos. 
O ruído estrondoso das águas insistia em deixar dúvidas e preocupação permanentes. 
Logo cedo pela manhã fomos ver o resultado. A foto no topo da postagem traduz parcialmente a cena de desolação e destruição. 
Árvores arrancadas das margens do ribeirão que foram tragadas montanha abaixo. Muita vegetação empilhada no limite da barragem. Placas de cimento arrancadas do chão. E claro, lama e água no interior da casa. Mais lama do que água. 
As águas abriram um leito cuja largura do curso preencheu uma grande faixa, ocupando boa parte da área da casa e além. 
Uma devastação jamais vista antes. 
No sítio vizinho mais destruição. Ao longo da estradinha asfaltada, pontes condenadas, destruídas ou na eminência de ruirem. 
Um senhor, caseiro de uma propriedade vizinha, afirma categoricamente que em seus 78 anos (nascido, criado e "envelhecido" neste local), jamais vira algo semelhante. 
Passamos cerca de 10 horas arrumando o cano que leva a água da mina para nossa casa. Operação de guerra.
Mas para criar mais terror, quando fui comprar a mangueira para consertar o encanamento, fico sabendo pelo celular que a defesa civil, em visita à casa onde moramos, está avaliando os riscos de nós permanecermos no local pelo fato desta estar localizada numa encosta. 
Aquilo que um dia foi um sonho de natureza exuberante a nos rodear vai se transformando num pesadelo sem fim. 
Estamos ilhados entre duas pontes (uma destruída, outra interditada) sem podermos sair com o carro. 
Hoje é o primeiro dia de março, a estação das águas. 
Pano rápido. 

03 fevereiro 2011

A partida inesperada de Ângelo















No começo eu não queria. Mais um bicho? Mas daí minha mulher insistiu, dizendo que quase não dava despesa e que a escolinha do João Pedro estava doando. Então acabei cedendo.
O João Pedro foi quem deu o nome: Ângelo.
E assim este doce e simpático chinchila passou a fazer parte de nosso dia a dia. Sempre pronto para receber doses generosas de cafuné. 
Os meses se passaram e de repente do nada, ficou doentinho e em praticamente 24 horas acabou morrendo. Que pena...

Sentimos muito sua curta permanência em casa. Mas esses bichos possuem expectativa de no máximo 2 anos. 
Pelo menos resta o consolo de que este escapou de virar casaco de pele. 
Obrigado, por sua amizade, querido amiguinho.

Limite e Eisenstein: lenda ou verdade?


Certa vez li um artigo assinado pelo jornalista Leão Serva, que trabalhava na ILUSTRADA (Folha de São Paulo), desmascarando a história de que o cineasta Serguei Eisenstein teria escrito uma resenha tecendo elogios ao filme LIMITE, de Mário Peixoto. O artigo, se não me falha a memória, fora publicado na década de 90, e lembro-me de ter ficado um tanto revoltado com seu teor, pois o jornalista afirmava que aquilo não passava de uma lenda, uma farsa plantada pelo próprio Mário Peixoto, resultado de sua personalidade controvertida e excêntrica. Curiosamente, o motivo de minha revolta era o fato de que, durante o período em que morei e estudei cinema em Londres (no início de 80), pude constatar que a história não era exatamente como escrevera Serva. 
Isto porque ao visitar o Britsh Film Institute, numa ensolarada tarde de verão londrino, resolvi procurar na biblioteca do instituto qualquer coisa que mencionasse este filme, o qual tinha virado uma espécie de fixação para mim. Não só pelo seu conteúdo, forma, mas pela aura que o envolvia. 
Naquela época os arquivos ainda eram no formato de micro-filme. E para minha surpresa, eis que encontro nada mais nada menos que o texto, supostamente escrito e assinado por Eisestein, falando exatamente de... LIMITE. 
Na mesma hora transcrevi para uma folha de papel o texto de Eisenstein:

"Limite. O encontro de três almas arruinadas pela vida, dentro do limite de um barco à deriva no mar. Duas mulheres, um homem, três destinos. Constantemente limitados em seus desejos e possibilidades, a vida os reúne afinal no mais limitado dos espaços. 
O filme é uma vasta cadência de desespero, angústia, de isolmento, de limitação. Todas as coisas têm ritmo neste filme.
É o ritmo que, em cada sequência, define seus limites. O ritmo explica e interpreta ao longo do filme, marcando o início e o fim de cada aventura.
É o ritmo que define os limites, os quais definem Limite."
S. Eisenstein, 1932.

Evidentemente nunca será possivel uma "contra-prova" desta constatação, já que seu autor há muito se foi. Mas é no mínimo intrigante que um texto dessa natureza tenha ido parar nos arquivos do BFI, sem que a história não fosse verossímel. 
Pelo menos eu sou de verdade e testemunhei tudo pessoalmente. 
Com a palavra, o Sr. Serva para sua defesa. 

04 janeiro 2011

A última sessão de circo


Respeitável público,

Domingo à noite levei meu filho para sua segunda experiência indo a um espetáculo circense. A cia itinerante  do Circo Stankowich (a principal fica em São Paulo, no Tatuapé) que ergueu sua lona para curta temporada aqui em Atibaia. 
O circo produz essa magia, num misto de fantasia e poesia, mas hoje em dia anda bem em baixa. Com a proibição da animais em circos (medida que questiono até certo ponto, uma vez que todas as companhias circenses acabam pagando pelas que maltratavam seus animais), os números circenses ficaram bem mais reduzidos e sem contar com a o movimento, o colorido, a adrenalina e a graça das performances dos animais.
Lembro-me de uma vez quando, ainda criança, fui a um espetáculo do circo Orlando Orfei, creio que no Ginásio do Ibirapuera. Era um circo grandioso, com felinos selvagens adestrados, cavalos, elefantes, os impagáveis chimpanzés, além dos números tradicionais de acrobacias chinesas, trapezistas e claro, os palhaços. 
Nesta ida de domingo, ao lado da estrutura de lona montada, havia também uma grande área com os trailers da cia. Vida de cigano e de circo. Mas o que mais me surpreendeu foi que vários artistas também trabalham em outros setores, vendendo souvenirs, bugigangas e na área de alimentação, enquanto não estão atuando antes, depois e no intervalo da apresentação. Sinal dos tempos onde vale tudo para otimizar custos e enxugar gastos. 
Na barraca de batatinha frita, trabalhava a acrobata. Com sua maquiagem colorida foi me contando da vida no circo. Ali quase todo mundo nasceu no picadeiro. Uma coisa de paixão pela arte que passa de geração pra geração. Mas até quando?  Será que o circo sobreviverá às restrições sobre a utilização de animais? 
O que no passado era uma troupe de palhaços, hoje só se vê um. E claro não resisti contar a história que conheço (clique aqui para ler) que nunca mais esqueci, a uma mulher e também a um rapaz da cia, durante o intervalo. 
A bandinha agora é substituída por som mecânico. E assim vai o circo resistindo à modernidade, onde outras formas de entretenimento ameaçam este tradicional tipo de espetáculo.
Ah, apenas para registrar, não concordo com o nome "circo", que é dado ao Cirque du Soleil. Aquilo pra mim não é um circo. É um espetáculo grandioso, bonito visualmente, sofisticado e impecável, mas circo pra mim não é. 
Enfim, o que vale mesmo, é o sorriso de uma criança ou seu deslumbre ante a magia do que rola no picadeiro. 
Até quando isso for possível.