04 janeiro 2011

A última sessão de circo


Respeitável público,

Domingo à noite levei meu filho para sua segunda experiência indo a um espetáculo circense. A cia itinerante  do Circo Stankowich (a principal fica em São Paulo, no Tatuapé) que ergueu sua lona para curta temporada aqui em Atibaia. 
O circo produz essa magia, num misto de fantasia e poesia, mas hoje em dia anda bem em baixa. Com a proibição da animais em circos (medida que questiono até certo ponto, uma vez que todas as companhias circenses acabam pagando pelas que maltratavam seus animais), os números circenses ficaram bem mais reduzidos e sem contar com a o movimento, o colorido, a adrenalina e a graça das performances dos animais.
Lembro-me de uma vez quando, ainda criança, fui a um espetáculo do circo Orlando Orfei, creio que no Ginásio do Ibirapuera. Era um circo grandioso, com felinos selvagens adestrados, cavalos, elefantes, os impagáveis chimpanzés, além dos números tradicionais de acrobacias chinesas, trapezistas e claro, os palhaços. 
Nesta ida de domingo, ao lado da estrutura de lona montada, havia também uma grande área com os trailers da cia. Vida de cigano e de circo. Mas o que mais me surpreendeu foi que vários artistas também trabalham em outros setores, vendendo souvenirs, bugigangas e na área de alimentação, enquanto não estão atuando antes, depois e no intervalo da apresentação. Sinal dos tempos onde vale tudo para otimizar custos e enxugar gastos. 
Na barraca de batatinha frita, trabalhava a acrobata. Com sua maquiagem colorida foi me contando da vida no circo. Ali quase todo mundo nasceu no picadeiro. Uma coisa de paixão pela arte que passa de geração pra geração. Mas até quando?  Será que o circo sobreviverá às restrições sobre a utilização de animais? 
O que no passado era uma troupe de palhaços, hoje só se vê um. E claro não resisti contar a história que conheço (clique aqui para ler) que nunca mais esqueci, a uma mulher e também a um rapaz da cia, durante o intervalo. 
A bandinha agora é substituída por som mecânico. E assim vai o circo resistindo à modernidade, onde outras formas de entretenimento ameaçam este tradicional tipo de espetáculo.
Ah, apenas para registrar, não concordo com o nome "circo", que é dado ao Cirque du Soleil. Aquilo pra mim não é um circo. É um espetáculo grandioso, bonito visualmente, sofisticado e impecável, mas circo pra mim não é. 
Enfim, o que vale mesmo, é o sorriso de uma criança ou seu deslumbre ante a magia do que rola no picadeiro. 
Até quando isso for possível.