26 dezembro 2007

Quando alguém é insubstituível

Borges de Barros, grande voz do humor (Folha de S. Paulo)

O mais engraçado dos velhinhos não se vestia de Papai Noel no Natal, nem mesmo para a família- "porque seria um Noel diferente; pelo humor e pela voz todo mundo saberia que era ele". A saraivada de piadas e pegadinhas, até com as crianças, fazia a diferença -ele apontava uma luz lá longe pela janela e deixava os filhos curiosos, debruçados no parapeito, enquanto trazia os presentes.O nome de batismo, Fileto Borges de Barros, em nada agradava o menino religioso nascido em Corumbá (MS) e formado em um colégio de padres -"uma espécie de coroinha", que chegou a dar aulas de catecismo às outras crianças.Após a morte do pai, a mãe veio com os cinco filhos para São Paulo. Barros foi estudar no liceu do Instituto de Ciências e Letras e trabalhar em uma fábrica de bonés. Ganhava uma miséria, mas era um garoto na cidade grande.Até que a moda do rádio pegou, sua voz se destacou entre as apresentações radiofônicas no liceu e ele acabou indicado para umas tais gravações -e um belo dia chegou em casa com o primeiro salário, uma verdadeira fortuna comparada ao que ganhava na fábrica. "Na nossa família ninguém ganha sem trabalhar, todo mundo é honesto", disse a mãe, assustada. Mas ela logo se acostumaria -se não com a fortuna, que nunca veio, ao menos com o sucesso na TV.Já no início dos anos 1940, Barros foi locutor de radionovelas. A voz que "era seu maior patrimônio" lhe garantiu também pontas de dublagem em novelas em filmes -"muitos atores não tinham voz para isso", dizia.Era dele o grito do "Tarzan" brasileiro, dos personagens Leôncio e Zeca Urubu no desenho "Pica-Pau", do Moe, de "Os Três Patetas", do Capitão Lord de "Titanic", do Pingüim da versão dos anos 60 de "Batman" -e de tantos outros heróis e vilões de cinema e TV. Foi até reconhecido por Jonathan Harris como o seu melhor dublador de Dr. Smith no seriado "Perdidos no Espaço". Mas ele era mais que uma bela voz. Seu humor seria logo reconhecido, quando atuou com Dercy Golçalves e Grande Othelo em "Se Meu Dólar Falasse". A partir daí, virou comediante de fato. Convidado por Manoel da Nóbrega, foi fazer na "Praça da Alegria" o mendigo milionário que se dizia amigo de políticos e celebridades e que o deixaria famoso por seu bordão "meu caro colega". O mesmo mendigo que levaria para "A Praça É Nossa", do filho de Manoel, Carlos Alberto da Nóbrega. Viveu na "Praça" décadas a fio. Sua última aparição foi exatamente no Natal do ano passado, quando foi um dos homenageados por Carlos Alberto da Nóbrega. Só ficava triste quando não tinha trabalho. "Vida de artista não é fácil", dizia. Mas, sempre que a situação apertava, lá ia ele com a sua voz fazer "bicos" em comerciais e novelas. Porque, como costumava frisar, "o artista era um escravo que trabalhava por amor à senzala".Mas nos últimos anos a visão piorou, e ele não mais enxergava as legendas dos filmes para dublagem. E estava doente. Sentado no aparelho de hemodiálise, em longas conversas com o filho, ele percebeu que tinha, há muito tempo, perdido a conta das mil vozes que deixara gravadas em seus mais de 60 anos de carreira. Morreu no dia 12 aos 84 anos, em São Paulo, de parada cardíaca, durante uma sessão de hemodiálise. Tinha dois filhos e três netos.
















15 dezembro 2007

tristeza

Após dois dias sob nossos cuidados, infelizmente o pequeno gaviãozinho não resisitiu.

14 dezembro 2007

novo hóspede


O André localizou este filhote caído provavelmente do ninho na chaminé da lareira na casa sede. Depois de pesquisarmos, concluímos que trata-se de um filhote de gavião-carijó (conforme ilustração da foto já adulto, com seu olhar assustador). Estamos alimentando-o e torcendo para que ele sobreviva fora das asas maternas.

13 dezembro 2007

bela visita


foto ilustrativa
"Antesdonti" apareceu um desses voando bem aqui ao lado da casa. Na hora tomei um susto. Pensei que era um pássaro com algo preso no bico. Mas numa fração de segundos percebi que se tratava mesmo era de um tucano. Nunca tínhamos visto um. Este era da espécie araçari, também conhecido como tucano-do-bico-verde. Chamei a Dé e o André para verem quando ele pousou numa árvore próxima da casa. Pura emoção.