30 julho 2007

O fim da sétima arte


Com as mortes de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, morrem junto muito da poesia e genialidade do cinema. Com seus filmes inquietantes de narrativas densas, cada qual ao seu estilo de linguagem e personalidade na abordagem de temas do cinema moderno, deixaram obras magníficas e órfãos do cinema-arte. Resta-nos a resistência dos últimos ícones ainda vivos (e filmando) , tais como Martin Scorcesi ou Francis Ford Coppola como últimas colunas de um cinema em franco processo de falência. Ficam os "Piratas do Caribe", "Harry Potter" e outras máquinas de caça-níqueis para júbilo de multidões ávidas do próximo lançamento de Hollywood. Glauber Rocha deve estar muito feliz lá em cima com a chegada destes ilustríssimos companheiros.

Atenuando minha angústia

Não deixa de ser um certo consolo ver o ex-tri campeão de F1 Nelson Piquet flagrado em curso de reciclagem por ter tido sua carteira de habilitação suspensa. Como estou em pleno período de punição, a imagem ajuda a atenuar o peso de uma culpa e a angústia que tal punição provoca. Não sei quanto tempo ele tomou de penalidade, mas no meu caso a coisa ainda vai longe.

Cansei das elites

O empresário João Dória Jr. é um dos responsáveis pelo lançamento do "Cansei". Um auto-intitulado movimento cívico pelos direitos dos brasileiros. O lançamento, juram seus mentores, não é político-partidário e surge na esteira do acidente da Tam que matou perto de 200 pessoas.

Curiosamente o movimento não reune nenhuma representatividade das camadas mais baixas da população brasileira. Por outro lado, algumas entidades empresariais (veja lista abaixo) bancam o movimento, sendo que a mais cara-de-pau (além de mau agradecida) é a Febraban, pois durante o governo Lula, os bancos estouraram seus records de faturamento. Acho incrível que nunca tais entidades tenham se indignado com a situação do povo brasileiro, onde o slogan poderia ser "Cansei de Colaborar com Isso". João Dória está mais uma vez querendo aparecer. Organizou alguns dos jantares de arrecadação de fundos de campanha para Geraldo Alckimin. Ele promove eventos luxuosos (com grifes internacionais de consumo) no Guarujá e em Campos do Jordão, além de uma passeata de cachorros de madame na cidade serrana. Será que não haveria algo mais útil em prol da sociedade e dos direitos do povo brasileiro no lugar desta passeata canina? (com todo respeito a estes últimos)

Entidades que apoiam o movimento:

OAB-SP

ABERT (Associação Brasileira das Empresas de Rádio e TV)

ABRAPHE (Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero)

Associação Comercial de São Paulo

ADVBA

ESCON-SPCJE

FIESPCREA

Conaje

Conselho Regional de Medicina

FEBRABAN

FIESP

FIESP - Jovens Líderes

Fundação PIO XII

Grupo de Mídia

Grupo de Jovens da Associação Comercial

Instituto de Estudos Empresariais - IEE

JLIDE

LIDE

LIDEM

SESCON-SP

29 julho 2007

Valeu Brasil !!!

Parabéns aos atletas brasileiros que brilharam no Pan 2007.

25 julho 2007

Lula e o Brasil

Se o famoso "Eu não sabia" acabou livrando Lula de alguma responsabilidade ou envolvimento no escândalo dos mensaleiros, os dois acidentes aéreos recentes (conhecidamente os maiores em vítimas fatais da toda história da aviação comercial do Brasil), que causaram juntos mais de 350 mortes, possuem um viés em que sua figura como mandatário do país não pode recorrer ao mesmo expediente. Afinal, trata-se de um setor (Infraero) vital na vida do país e diretamente ligado ao executivo. De gente que, se não nomeada diretamente por ele, está sob sua subordinação. Assim como nos demais setores (energético, saúde, etc) do governo. Continuo achando minha opção por Lula melhor do que seria se Alckimin tivesse sido eleito. Mas me colocando no lugar dos parentes das vítimas desses dois acidentes, independentemente de culpados, fica difícil ficar neutro neste momento. Está na cara que o setor aéreo no Brasil agoniza. E o responsável maior é que aquele que na hora do balanço político diz: " No meu governo...".

24 julho 2007

Pan

Muitos jornalistas e blogueiros já teceram inúmeros comentários e análises sobre a realização os Jogos Panamericanos de 2007 no Brasil. Sem dúvida, o assunto mais polêmico do evento ficou por conta dos escândalos envolvendo o estouro estratosférico do orçamento inicial, bem como suspeitas de favorecimento na escolha dos fornecedores (muitas vezes contratados sem licitação) por parte dos organizadores. São tantas suspeitas que sugiro que o leitor acesse o blog que foi criado para registrar tais denúncias, afim de saber em detalhes tudo que a mídia que cobre o Pan omite.
Um outro aspecto me chamou atenção conforme caminhamos para a reta final desta competição: a falta de educação demonstrada pelo público brasileiro. Não bastasse a grosseria da vaia ao Lula (se querem protestar, que o façam com organização política, persistência e de forma eficáz nas ruas deste país. Não apenas em meio ao anonimato às escuras da multidão num estádio), outras manifestações condenáveis foram registradas durante provas com o claro objetivo de tirar a concentração de atletas estrangeiros ou em resultados em que brasileiros não foram bem sucedidos. Isso pra mim é uma vergonha e nada tem a ver com torcida. Revela um ufanismo distorcido e uma falha de caráter perante os olhos do mundo para onde estejam sendo transmitidos os jogos. Aliás, isso apenas reflete a realidade dentro de um contexto maior. O da falta de educação social e cultural de nosso povo.

20 julho 2007

vidas ceifadas

Vivemos nossos problemas em meio a uma fase bastante difícil aqui nas montanhas. São problemas de diferentes origens: financeiros, de perspectivas, de segurança e de tocar nosso dia a dia apesar de tudo. Mas ainda sob o impacto da tragédia de Congonhas, mesmo longe do cenário de terror, tudo que vivemos se tranforma em dramas superficiais quando conhecemos os personagens desta triste página. Hoje lendo a Folha On Line, fiquei chocado ao ler os nomes, as profissões e algumas fotos dos que se foram neste trágico acidente. Sem dúvida o que mais me doeu foi ver as fotos de crianças que tão brutal e precocemente interromperam sua curta passagem por esta vida. Que Deus lhes conceda a graça de torná-las anjos na invisível amplitude celestial. Para quem tiver coragem de conhecer uma pouco de cada um, clique aqui. Para quem não tiver força, reforçem as orações.

mais um (ou menos)

A lista de brasileiros canalhas e traidores aos
ideais de uma pátria justa e digna é longa. Mas com toda certeza Antonio Carlos Magalhães, vulgo ACM ou Toninho Malvadeza, para os inimigos, representa um dos símbolos deste mal que contamina o Brasil há décadas. De prefeito e governador nomeado pela ditadura, a cacique político do legislativo, são vários os pontos obscuros e polêmicos na vida deste senhor que morre sem deixar saudades, ante sua arrogância e métodos dignos do melhor estilo "coronelismo". De seu controle no cenário político baiano, à sua participação no chamado Centrão, que reuniu figuras históricas da direita na elaboração da Constituinte de 1988, ACM sempre despertou ira aos seus oponentes e admiração de seus seguidores. Na Bahia é um verdadeiro deus, com seu nome estampado em inúmeras obras (com certeza em conluio com empreiteiras promotoras de super faturamento), notadamente na capital Salvador.
Já na cena política recente, renunciou ao mandato de senador para escapar de mais um escândalo e voltou triunfalmente ao senado na eleição seguinte, nos braços do povo baiano que o chamavam de "painho".
Curiosamente, mesmo sendo médico e baiano fez valer as benesses (às custas do contribuinte) a que têm direito os políticos (talvez somente os de esfera federal e governadores, não sei até onde se estende tal mordomia) sendo internado, tratado e vindo a morrer no Instituto do Coração em São Paulo
ACM vai já tarde. Muito tarde. A lista de traidores é grande, mas a partida de cada um é lenta. Quem me dera Deus pudesse fazer de Maluf seu companheiro de poltrona nesta viagem sem volta.

19 julho 2007

saudades da velha Varig

Numa analogia entre o pássaro que não conseguiu voar da postagem anterior e a recente tragédia do "pássaro de metal" que desabou sobre São Paulo, surge na memória o longínquo passado da Varig. E da Vasp também. Dois orgulhos de um país que viu impassivelmente desintegrando outrora símbolos de excelência internacional na aviação comercial. Orgulho de gaúchos e paulistas, mas acima de tudo, de brasileiros, que testemunharam o apogeu e declínio, até a falência agonizante destas empresas que cortavam os céus do Brasil e do mundo.
O serviço internacional da Varig era incomparavelmente melhor que muitas empresas aéreas internacionais. Desde a simpatia da tripulação e staff em terra, até a escolha das opções do cardápio. Os talheres (da classe econômica!) da Varig eram de aço inox, ao passo que os de outras companhias eram de plástico. Parece um detalhe sem importância, mas que refletia o cuidado e esmero de uma empresa perante seus clientes. Quando se entrava no avião numa viagem intenacional, era a própria antecipação de entrada em solo brasileiro. Isto sem contar a pontualidade. Coisa que hoje em dia é uma lance de sorte no Brasil, face ao apagão aéreo.
Pois agora, esses inegáveis níveis de excelência foram literalmente pro espaço com as novas donas do mercado, Tam e Gol. E pouco importa se a Gol comprou a Varig, pois nunca mais esta companhia será uma pálida semelhança do que já foi. A competitividade gananciosa e os interesses comerciais fizeral destas duas empresas atuais (e únicas opções no mercado de rotas) máquinas de dinheiro, onde o conforto e a segurança dos passageiros deram lugar ao "pregão" das tarifas e "overbookings" a granel.
É fato que graças ao lobby das empresas aéreas, Congonhas transformou-se nesse carrossel de pousos e decolagens em ritmo frenético. Um aeroporto que encolheu ante o assombroso crescimento à sua volta desde que foi construído e que deveria ter um perfil muito menos intenso em termos de movimento de vôos (como observaram analistas em depoimentos por conta do acidente esta semana, somente para atender o serviço de ponte-aérea e de jatos executivos), tornou-se essa ameaça aérea, por mais que especialistas garantam que estatisticamente (!) os riscos de um vôo de avião é menor do que andar de bicicleta, por exemplo.
Lembro-me de quando morava em Moema e via, longe da rota dos aviões, o balé de pousos e decolagens. Ficava imaginando como era a vida de quem morava na rota desta rotina. Devia ser um inferno de barulho ensurdecedor e um perigo constante.
Já que nós brasileiros gostamos tanto de imitar os americanos, em nossa crônica tendência em sermos orgulhosamente colonizados por este país, agora já temos o nosso 11 de setembro. Com menos magnitude, é claro, como sempre. Afinal, é tudo que conseguimos com nossa capacidade limitada em tentarmos copiá-los.
Hoje vi na tv o depoimento da esposa de uma vítima fatal do acidente da Tam, onze anos atrás. Ela ainda está aguardando a indenização por conta de tal acidente. Manchete do portal G1, da Globo na noite do acidente da última terça-feira, 17 de julho: "Tam garante indenizações a vítimas do vôo e da Tam Express".
Alguma dúvida ?

hóspede passageiro

Hoje chegou ao fim a "estadia" de um hóspede inusitado entre nós. Durante 4 dias cuidamos de um pássaro que encontrei no chão numa volta que dei pelo sítio. De porte médio (cerca de 40 cm), todo preto e com uma linda penugem vermelha em seu peito, notei que o pássaro não conseguia voar e tratei de pegá-lo para ver o que podíamos fazer por ele. Fui até um viveiro que fica no vilarejo especializado em aves exóticas (que não quis ficar com ele, talvez por medo de ser uma ave nativa), mas a veterinária não conseguiu descobrir que tipo de pássaro era. Saí de lá com um pouco de ração e um tanto frustrado. Aliás, não só ela como ninguém a quem o mostrei sabia que pássaro era.
Ele ficou com a ração e água num dos banheiros de casa, dentro box, na (nossa) esperança de que pudesse enfim voar livre novamente.
Pesquisei na internet, mas não conseguia encontrar (principalmente por não conhecer sua classificação científica) o nome popular ou origem do nosso hóspede.
Hoje tentamos fazê-lo voar, já que desde o primeiro dia notamos uma marca em uma das asas, quando até colocamos iodo como medida em caso de um possível ferimento. Não dava pra saber do que se tratava, mas acho que podia até ser uma dessas cirurgias que fazem para impedir que o pássaro voe. Coisas do homem e suas agressões na natureza.
Assim que o colocamos fora da casa, ele logo demonstrou que não conseguiria voar. Foi então que resolvi levá-lo ao posto da polícia ambiental para que dessem um destino ao pobre pássaro. Depois, entrando em contato com o Zooparque de Itatiba, descobri que se tratava de um Pavó, talvez o que chamam por aqui popularmente de pavãozinho. É considerado um pássaro em extinção, principalmente na região sudoeste do Brasil.

Família: Cotingidae Espécie: Pyroderus scutatus Ameaçado de extinção

Comprimento: macho 46 cm; fêmea 39 cm. Presente localmente da Bahia ao Rio Grande do Sul e, para oeste, até Goiás e Brasília. No Sudeste, contudo, suas populações encontram-se muito reduzidas, devido aos desmatamentos. Encontrado localmente também em montanhas da Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai e Argentina. É uma espécie rara. Habita o interior e as bordas de florestas altas, especialmente em regiões montanhosas.
Vive solitário, mas durante o período reprodutivo reúne-se em grupos de até 10 indivíduos, havendo exibição do papo e vocalizações. Faz ninho em formato de uma pequena e frágil plataforma de gravetos. Põe 2 ovos amarelados com manchas marrom-avermelhadas. Macho e fêmea diferem sobretudo em tamanho. Conhecido também como pavão-do-mato.

18 julho 2007

São Paulo 17 de julho de 2007

Que Deus abençoe as vítimas desta terrível tragédia e conforte seus familiares neste momento de dor.

15 julho 2007

que delícia...

Não poderia ser melhor. Depois do Brasil se sagrar hepta campeão no vôlei, na Polônia. Depois de toda incredulidade (inclusive deste humilde blogueiro) da atual seleção de futebol na Copa América, depois de toda crítica e porrada da maioria esmagadora da imprensa esportiva contra a seleção, depois de todo favoritismo dos argentinos (que com certeza joga o futebol mais bonito atualmente, talvez no mundo), depois de 90 minutos de pura adrenalina: Brasil 3 x 0 Argentina. Como diz o chato do Galvão Bueno, vencer é muito bom, mas ganhar da Argentina é muito melhor.

Os Mutantes no New York Times

Uma bela matéria assinada pelo correspondente do NYT no Brasil, Larry Rohter, comenta a trajetória e o retorno da banda que após 40 anos voltou a brindar platéias brazucas, européias e norte-americanas. Para assintantes UOL ler aqui . Se preferir ler em inglês no NYT, clique aqui

14 julho 2007

ACM

Chego em casa depois do périplo de ida e volta a SP. Afinal hoje era uma sexta-feira 13 e consegui chegar ileso. E eis que ao ler as notícias frescas do final do dia, entre vaias a Lula e outras notas, ao entrar no blog do Noblat, deparo-me com notícias acerca do estado de saúde do "nobre senador" Antonio Carlos Magalhães. É, parece que ele está indo. Mas porque não vai logo? Justo ele ? Porque não desencarna e leva de vez com ele todo o mal que tanto causou ao Brasil? Está por pouco. Espero. Como diria aquele velho provérbio que tanto amo e preservo: "Não há tempo que não chegue, nem prazo que não se cumpra". O Maluf bem que podia ser o próximo da fila.

11 julho 2007

rock brasileiro

Depois da exposição do fotógrafo Bob Gruen na Faap (que infelizmente não pude ir) retratando ícones do rock internacional, chegou a vez do rock brazuca ser visitado numa viagem de imagens, comemorando 50 anos de rock nacional no MIS SP. Dentre as fotos lá expostas, com certeza, o melhor material deve pertencer a Mário Luiz Thompson, talvez quem mais clicou a cena musical em terras tupys. Na foto, o intrépido Jorge Mautner.
Estive em várias ocasiões na casa de Mário Thompson, nas famosas tertulhas Bem Te Vi. Mas se eu pudesse, seria muito melhor poder voltar o relógio do tempo e dar de cara (e ouvidos) com os shows que aconteciam durante a década de 70.

09 julho 2007


Na data em que comemoramos 75 anos de Revolução Constitucionalista, evoco a figura de meu tio Raul Duarte, meu querido "Bico", para mais uma vez bradar, " Non ducor, duco". E por irônica coincidência, o mercado de valores fechou hoje (mesmo sendo este um feriado somente paulistano - ora vejam só) para baixar a moeda norte-americana a menos de R$ 1,90, desde 2000. Tio Raul lutou em Cruzeiro, ao 18 anos (com fuzil e tudo mais), contra as tropas de Getúlio Vargas. Mas de nada adiantou sua coragem e bravura, com a rendição dos paulistas posteriormente. Quer dizer, de nada, nem tanto. Viva São Paulo!

04 julho 2007

Um CANALHA a menos

...pelo menos até 2010.

reflexões...

Com todo respeito a quem de mim discordar: a vida anda um tremendo porre neste milênio. Tudo é muito irritante e indigesto. A imprensa anda nojenta. Os políticos, ainda mais nojentos que nunca. O futebol, uma lástima. A imprensa esportiva, um besteirol. A política internacional perpetua as hegemonias. Os pobres sem vislumbrar uma vida mais digna. Os ricos às gargalhadas - na verdade os únicos que não têm do quê reclamar - em seus banquetes ilhados pela futilidade e o mundanismo. O consumidor sucumbindo ante a truculência corporativista das grandes empresas (notadamente as prestadoras de serviços). A violência, cada vez mais bárbara. A vida nas grandes cidades, uma tortura. A natureza, agoniza. O homem, fingindo se importar.
Na arte, não é muito menos. A grana fala mais alto que a qualidade. O importante é estar bem "colocado". Não há mais o cinema "de arte". O orçamento de divulgação dos filmes é quase a metade do orçamento geral das produções. A música, aff, só porcaria. Salvam-se muito poucos na aldeia global.
Pode ser meus 50 anos sinalizando um cara ranzinza, mas que tá um porre, ah isso tá mesmo.