26 outubro 2007

o fim?

extinção

{verbete}
Datação1539 CDP IV 80
Acepções
■ substantivo feminino
1 ato ou efeito de extinguir(-se)
2 Rubrica: ecologia. desaparecimento definitivo de uma espécie de ser vivo
3 Rubrica: óptica. m.q. absorvância
Etimologia
lat. exstinctìo,ónis 'falecimento, morte, extinção', do rad. de exstinctum, supn. de exstinguo,is,xi,ctum,guère 'apagar, extinguir, aplacar, abrandar, destruir, abolir, aniquilar; dessecar, esgotar'; ver -stinção e -sting-; f.hist. 1539 ystinçam, 1540 extinçam, 1553 extinção, 1789 extincção.

Palavra tenebrosa que nos remete a um dilema dos tempos atuais. O homem, com sua ganância ou nocividade brinca com o eterno. São espécies animais, vegetais ou minerais agonizando sem piedade de quem delas abusa. Matando e explorando.
Hoje a Débora salvou um passarinho indefeso da boca de uma de nossas gatas. Se não o fizesse, seria seu divertimento alimentar. Divertimento por que come ração todo dia sem precisar da caça. Mas nesse caso a caça é pelo menos instintiva e não predadora.
Fico estarrecido com notícias de todas as partes do mundo e do Brasil. O quê fazer?
Existem as ongs presevarcionistas mas muitas delas, apenas entidades caça-níqueis sob uma fachada politicamente correta. É realmente...um enorme e crucial dilema.

á(b)gua

João Pedro. Fora as primeiras palavras familiares como papá, mãma e gogó (vovó), passou a falar talvez a mais importante das palavras diante de sua inserção no cosmos de sua existência: água. Ainda não é um água redondo, claro e bem pronunciado. Rola quase um "b" pra sair o "g" de água, com ele fechando a boquinha. Mas sonoramente é água, sim senhor. O instinto da necessidade ante a mais vital fonte energética da qual somos dependentes. A natureza saúda seu brado de identidade neste "canto das águas" que é seu santuário.

25 outubro 2007

Quanto mais se conhece o ser humano...

...mais admiro os animais. Em recente matéria veiculada na tv, tomei conhecimento do incrível trabalho desenvolvido pelo Projeto Gap - um movimento internacional de reintegração de primatas dentro de condições saudáveis de vivência. São animais que já viveram em zoológicos, circos ou mesmo em viveiros particulares e que por inúmeras razões sofreram abusos, maus tratos ou simplesmente apresentaram distúrbios ante a dificuldade de co-existência (!) com humanos.

08 outubro 2007

Sobre o Dia da Criança

Meus Oito Anos
(Casimiro de Abreu)
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Olha o Zé aí gente !!!


Entre as várias espécies que habitam as matas aqui da serra, nenhuma se tornou tão próxima de nosso convívio quanto o Zé. Trata-se de um saruê, o popular gambá. Um bichinho muito simpático, mas também muito atrevido. Todas as noites ele desce de uma árvore que fica logo atrás de nossa casa e bate o maior rango, filando a ração dos gatos. No início ficávamos contrariados, afinal ele manda bem cada vez que baixa de seu habitat e se farta com a comida abundante - afinal são sete cuias, correspondentes a cada um de nossos bichanos. Mas com o tempo nos acostumamos e acabamos até batizando-o com este apelido. Um dia apareceu outro intruso junto com o Zé. Não sabemos ao certo se era um parente ou apenas um companheiro de rango. Teve até briga entre os dois, como que disputando a comida. São criaturas deste maravilhoso universo que as queimadas cruelmente ameaçam a cada nova ocorrência. Pelo menos o Zé pode ficar tranquilo. Na árvore aqui de casa ele estará sempre protegido. E bem alimentado.

06 outubro 2007

Queimada

Hoje tivemos mais um triste fato quebrando nossa rotina, ainda que seja sábado. Uma queimada provocada por irresponsáveis atingiu uma gleba que possuímos do outro lado da estrada. Trata-se de uma área de mata - nativa e mista - que vai demorar sabe-se lá quanto tempo até ser recomposta. Em agosto tivemos outra dramática situação (conforme postagem) envolvendo este tipo de crime. O mais curioso é que existe um mito na região, onde sempre se fala que isso é "coisa de moleque". Conversa. Isso é coisa muito de marmanjo barbado e mal intencionado. Daí você liga pro bombeiro e ouve do outro lado: "tá perto da casa?". É só isso que interessa a eles. Também pudera, com o número assombroso com que as queimadas se propagam nesta fase do ano - de clima muito seco e sem chuvas - os caras mal dão conta das ocorrências. Fico pensando na agressão que sofre o meio ambiente, os animais... até mesmo as cobras tão temíveis, coitadas, nada têm culpa da ação do homem - bicho ruim - com sua ação nociva. Tem queimada na Europa ? Tem. Tem nos EUA? Tem. Tem na Austrália? Tem. Isso serve de consolo? NÃO!

01 outubro 2007

Não resisti "piratear" o post do sempre ácido, ainda que irônico, Mino Carta, em seu obstinado exercício de traduzir este Brasil, sil, sil, sil (como ele diria). Nem li o artigo que ele menciona (escrito pelo mofado João Mellão no Estadão), pois há muito tempo "cansei" de me deparar com sua retórica retrô. Aliás, Mellão quem?

Mala tempora currunt
Por Mino Carta

Leio, fascinado, um artigo de João Mellão na página 2 de O Estado de S.Paulo de hoje. Orgulha-se de pertencer a uma elite, esclarece que elite significa a nata em cada setor da sociedade, nega, não sem veemência, a dicotomia bom povo-elite má, forjada pela obsessão esquerdista. E assim por diante. Quero deixar claro que este post não é resposta, apenas uma oportunidade para meditar. Pensamentos esparsos, sem maiores propósitos de revelar a verdade. Por exemplo. Aceito o pensamento de João Mellão, e reconheço a presença de uma elite do futebol. Na qual milita o ex-presidente do Corinthians, Alberto Dualib.Não seria elite que manda no seu rincão, graúdo ou miúdo? E este Brasil, grande, notavelmente dotado pela natureza, vocacionado para ser bem sucedido, não deve à sua elite o fato de estar tão mal das pernas? Ou por que entregaram o ouro ao bandido, ou por que eles próprios, os componentes da elite, cuidaram da bandidagem.Os povos são todos iguais, o que mudam são as circunstâncias. As nossas foram criadas por quem? Pelos predadores iniciais e, ao surgir a oportunidade, pelos predadores nativos.E o povo, que tem a ver com isso? Os indígenas foram sistematicamente enganados e dizimados. Não eram tão bons de trabalho, e então vieram os africanos, imigrados, digamos assim, debaixo do sibilar do chicote, e os sinais da escravidão ainda estão presentes. Hoje a maioria é mestiça, e este é o povo brasileiro. Que esperar dele? Que faça por conta própria a revolução?A elite nativa sempre apostou na cordura e na resignação do povo. Sergio Buarque de Hollanda chamava-a, ironicamente, de cordialidade. João Mellão, aplicado representante da elite paulistana em outros tempos definida como quatrocentona, rejeita a dicotomia elite-povo. Difícil escapar a ela, impossível mesmo, sobretudo em um país como o Brasil, tão desigual, um dos mais desiguais do mundo, seus rivais são Nigéria, Serra Leoa, e outros do mesmo porte.Quando da Revolução Francesa, inequivocamente burguesa, incumbiram-se os burgueses de empurrar o povo à Tomada da Bastilha. Os insufladores e organizadores da revolta, pela qual hoje ninguém se queixa, estavam fartos (cansados?) de sofrer as conseqüências da prepotência aristocrática e eclesiástica. Na França dos fins de 1700 os iluministas eram farol nas trevas, mas o país vivia no caos. Falta de autoridade de um lado, miséria e criminalidade do outro. Os nossos burguesotes provincianos estão cansados da miséria e d criminalidade, na qualidade de manifestações populares, e apavorados pela possibilidade de que o povo comece a dar o ar de sua graça. Os burgueses daquela França eram, no mínimo, mais espertos.Alguma mudança está no ar, e é isso que agita a chamada elite à qual Mellão orgulha-se de pertencer. Lula é o primeiro sintoma da mudança. Não estou a analisar o governo atual, de muitos pontos de vista me decepciona, mas o que me parece enxergar transcende a decepção. As vitórias de Lula em 2002 e 2006 me dizem que algo mudou. O povo não se incomoda se o seu candidato está de gravata e terno escuro, formou-se em alguma faculdade e sabe mais de um idioma, e a mídia perde seu tempo na tentativa de propor o tipo perfeito. A mídia, instrumento afiado a serviço da elite, não chega mais.Mala tempora currunt, diria meu pai, Giannino. Para a elite. A qual, além do mais, não sei que características haveria de ter em um país onde apenas 5 por cento da população ganha de 800 reais mensais para cima. Enquanto 0,01 por cento são nababos, andam de helicóptero e Ferrari, moram em castelos, exibem-se o tempo inteiro nas colunas sociais e escondem-se em suas vivendas cercadas por muralhas mais compactas do que as da Roma imperial.O povo não costuma ser bom por natureza. Pelo contrário, a miséria e a indigência são caldo de cultura da ignorância, da violência, da criminalidade. Tais as condições do povo, tão humilhado e espezinhado a ponto de se contentar com o auxilio familiar de escassos reais distribuído pelo governo Lula. Já se definiu a plebe como rude e ignara. De verdade, a definição cabe à perfeição para qualificar a elite brasileira. Quem se orgulha de fazer parte dela, deveria dar-se ao respeito.