25 fevereiro 2006

Lira do Delírio

O carnaval já mereceu análises de sociólogos, antropólogos e vários outros "logos". Aqui também os chatos e críticos de plantão costumam ficar indignados com o fato de o Brasil ter suas aberrações paralisadas neste período. Ficam inconformados pelo fato de o país parar por quase uma semana diante de seus problemas para simplesmente festejar a alegria. É como se o povo (em toda a sua amplitude) ligasse o "foda-se" no volume máximo e simplesmente caísse numa farra Dionisíaca, misturando pobres e ricos num único bloco de orgia e embriaguez ritualística. Não sou nenhum fanático por carnaval, mas uma vez passei em Salvador. Foi uma das experiências mais marcantes de minha vida em termos de energização. Quase não dormia. Meu café da manhã era acarajé e caldo de sururu (muito energético, diga-se). Naquela época (final da década de 80) a música reinante que se ouvia ainda era o frevo e a magia dos blocos afros, não esta porcaria chamada "axémusic". Hoje, por vários motivos estou aqui quietinho no meu canto. Afinal, apesar de ser um grande entusiasta de Atibaia, sejamos realistas: carnaval de interior é um porre (no pior sentido da palavra). Logo logo o país e a vida voltarão ao normal e poderemos dizer com toda a convicção: 2006 finalmente começa agora, ou seja, depois do carnaval. "Isso aqui iôiô é um pouquinho de Brasil iáiá..."

15 fevereiro 2006

TAKE 7 SEQUÊNCIA 3

Não teve jeito mesmo. Primeiro foi um hesitante ensaio de retorno ao velho ofício de produtor após a notícia de um novo e surpreendente fato: o anúncio da chegada de João Pedro. Depois, por este e outros motivos ligados ao marasmo de um projeto (nas montanhas) que empacou, se estagnou, ou melhor, nem decolou, veio o segundo trabalho. Depois o terceiro...e eis que me encontro inexoravelmente de volta a esta atividade que tentei largar mas que as circunstâncias me forçaram a refazer minha decisão. O jeito foi calçar novamente as chuteiras que se julgavam aposentadas e voltar ao batente no frenesi de São Paulo com seu pulsar alucinante. Se esta é a única saída possível do presente e insólito cenário, então vamos à luta! É a única coisa que me "especializei" em fazer ao longo de minha vida profissional. Se eu gosto deste retorno? Sim e não. Preferia me concentrar na nova ordem de vida em que havia me atirado de cabeça como um guerreiro. No sonho que abraçara e lutava com toda gana de quem busca vencer um novo e adorável desafio. Agora o desafio se deforma e se transforma em aceitar o que já era tido como morto: meu tesão em voltar a esta vida cigana de produtor. Saem os pássaros, bichos da mata e verde exuberante de cada dia. Voltam o congestionamento, a fumaça e os motoboys a cada ida a São Paulo. Pior que reclamar da reciclagem de metas (!?), seria ter que reclamar da falta de trabalho. E durma-se com tal consolo.

08 fevereiro 2006

It´s only rock ´n´ roll but I like it...

Daqui exatamente 10 dias as areias de Copacabana serão invadidas por uma multidão sem precedentes para ver um show daquela que é considerada uma das maiores bandas de rock de todos os tempos: The Rolling Stones!!!
Tive o privilégio de assistir a nada menos que 4 shows destes moleques sexagenários. Dois em Londres e dois em SP. Sem querer cair no ridículo, para mim, ouvir antigas canções dos Stones está longe de ser algo decadente. Nostálgico talvez. Hoje em dia raramente escuto seus discos, mas quando ouço coletâneas da fase inicial é imposível não sentir aquele certo aperto no coração, remetendo emoções que marcaram minha vida não menos iniciante de jovem inquieto. Quantas vezes ouvi REPETIDAMENTE "Brown Sugar", "Jumpin´Jack Flash", entre tantas eleitas como trilhas de minha vida. Já faz mais de 20 anos que assiti ao show deles em Londres. Mas os caras continuam aí, agitando como nunca apesar da idade. Parece que não conseguem parar. Parece que se pararem correm o risco de morrerem. Afinal grana não é problema: segundo levantamento da revista Forbes, em 2005 os Rolling Stones foi a banda que mais faturou na lista milionária do showbis: US$ 168.000.000 entre venda de discos e shows. Isso numa era em que a mídia joga pesado para vender seus artistas no mundo musical. Dia 18 de fevereiro eles vão sacudir o Rio de Janeiro num show que deve bater todos os recordes em termos de números para um única banda. Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts, apesar de já terem vivido de tudo, talvez nunca mais sejam os mesmos após este grandioso show. Ficarei aqui Das Montanhas, acompanhando a transmissão pela TV, certo de que depois de tanto tempo não tenho a menor dúvida em afirmar que, apesar dos críticos-chatos de plantão, IT´S ONLY ROCK AND ROLL, BUT I LIKE IT !!!