25 fevereiro 2006

Lira do Delírio

O carnaval já mereceu análises de sociólogos, antropólogos e vários outros "logos". Aqui também os chatos e críticos de plantão costumam ficar indignados com o fato de o Brasil ter suas aberrações paralisadas neste período. Ficam inconformados pelo fato de o país parar por quase uma semana diante de seus problemas para simplesmente festejar a alegria. É como se o povo (em toda a sua amplitude) ligasse o "foda-se" no volume máximo e simplesmente caísse numa farra Dionisíaca, misturando pobres e ricos num único bloco de orgia e embriaguez ritualística. Não sou nenhum fanático por carnaval, mas uma vez passei em Salvador. Foi uma das experiências mais marcantes de minha vida em termos de energização. Quase não dormia. Meu café da manhã era acarajé e caldo de sururu (muito energético, diga-se). Naquela época (final da década de 80) a música reinante que se ouvia ainda era o frevo e a magia dos blocos afros, não esta porcaria chamada "axémusic". Hoje, por vários motivos estou aqui quietinho no meu canto. Afinal, apesar de ser um grande entusiasta de Atibaia, sejamos realistas: carnaval de interior é um porre (no pior sentido da palavra). Logo logo o país e a vida voltarão ao normal e poderemos dizer com toda a convicção: 2006 finalmente começa agora, ou seja, depois do carnaval. "Isso aqui iôiô é um pouquinho de Brasil iáiá..."

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