08 dezembro 2005

O carro e o poste

Não, não houve um desses encontros em que o primeiro é parado pelo segundo. Mas minha semana teve estes dois elementos como atores. Meu carro agonizou e quando foi parar no mecânico a notícia caiu em minha cabeça como se fosse o peso do próprio carro: em virtude de um super-aquecimento vindo do nada, o coitado teve várias partes danificadas. Resultado: terei que "morrer" com uma nota preta para tê-lo funcionando novamente e ainda tenho que dar graças a Deus por não ficar na mão (ou melhor seria, no pé).
Ah o poste. Aqui no campo temos postes de eucalipto por onde passa a rede interna de energia elétrica. Um desses postes caiu com luminária e tudo por ação das chuvas ou galhadas de árvores. Lá fomos eu e o André tratar de resolver o problema. Na falta de um eucalipto compatível para se tornar um poste (aqui os eucaliptos são enormes e super grossos), primeiro localizamos um pé de pinus (um tipo de pinheiro comum por aqui) com tamanho e grossura compatíveis para a finalidade. Minha habilidade como lenhador é deveras surpreendente. Em poucos minutos o André exclamava: "Madeeeeeeeeeeeeeeeeeira". Esse ato nos remete imediatamente ao que o homem faz com a madeira extraída indiscriminadamente e ilegalmente pelos inimigos da floresta. Fiquei a pensar o quão cruel é o tombo de uma árvore secular ante a ação predatória de uma motoserra.
Uma vez medido (4,50m), cortei com o machado o restante da copa e carregamos o tronco cerca de uns 250m até chegarmos ao local do poste caído. Um peso e tanto para tal distância (apesar de uma ou duas paradas para descansar). Em seguida providenciei neutrol (um produto que é passado na base que será enterrada para evitar que formigas ou cupins o danifiquem) e após descascar a base com facão, apliquei o produto. Para colocá-lo na cova (previamente escavada por mim), tivemos que pedir a ajuda de 4 outros braços, uma vez que o local era ruim para elevá-lo e encaixá-lo na cova. Depois de colocado em sua posição, passei a socar cacos de telha misturado com terra com uma barra de ferro para que o poste ficasse bem firme - afinal o próximo passo seria eu trepado na escada para fixar as roldanas que esticam a fiação e mais a luminária.
Como eu tinha dentista e estou sem carro, o término do serviço ficou para o dia seguinte para que eu pudesse me preparar para sair e tomar um "bumba" para Atibaia City. No dia seguinte, ficou faltando só reconectar os fios que romperam com a queda do poste, mas para essa tarefa preferi recorrer à ajuda de um dos funcionários que estão trabalhando na obra de nossa casinha. Sabe como é...nunca fui lá muito descolado para assuntos de elétrica, achando melhor não arriscar, apesar de a operação ser bem simples: apenas dois fios, o chamado sistema bifásico. Pronto. Lá está o poste com a fiação e a luminária. Um trabalhão daqueles ! Mas valeu, missão cumprida. Quando recebemos alguma visita, as pessoas só têm olhos para o paraíso onde moramos, mas ninguém imagina o quanto damos duro para resolver os problemas que surgem a cada dia. Não reclamo não, muito pelo contrário, adoro os desafios que a mata nos impõe.

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