22 agosto 2010

Quem é guardião de quem ?



Esta é uma história com um final feliz, ainda que não tenha chegado ao fim. Quem sabe seja só o início. 
Tudo começou dias atrás com a gente ouvindo um latido, próximo à nossa casa, vindo da parte interna do sítio. Durante uns dois ou três dias o latido dava sinais de que o animal permanecia por perto.
De vez em quando aparece um cão-andarilho por aqui, perdido no mato, vindo do nada. E, claro, sempre temos que tocar o bicho pra fora. Afinal nossa população de pets - mesmo tendo sido maior no passado - é de causar espanto a qualquer um.
E eis que, passados uns dois dias ouvindo o latido, ao sair de carro com meu filho, lá estava ele, numa outra entrada do sítio, preso do lado de dentro da propriedade: um cachorro de porte grande, com cara de assustado. 
Fiz meia volta com carro e retornei com uma tigela de ração e potes vazios acompanhados de uma garrafa pet de 2 litros com água.
O pobre cão estava magro, desesperado e tratava-se claramente de um ancião. 
Assim conhecemos o Boris - nome que passamos a chamá-lo, conforme reabastecíamos com ração e água diariamente. 
O cão decidiu ficar do lado externo do sítio onde há uma guarita. Podia sair por aí, perdido, mas preferiu aguardar que o destino pudesse lhe reservar alguma sorte.
Notamos que outras pessoas também deixavam ração, ao perceberem que se tratava de um caso de abandono. Ficou velho, já não servia pra mais nada, só despesa. Este é muitas vezes o "troco" com que muitos destes inegáveis amigos na lealdade são contemplados após anos de serviços prestados tendo o amor como fio condutor. 
Era nítido que só comida não seria suficiente. Era preciso algo mais: carinho.
Trazê-lo pra casa, nem pensar.
E a solução veio do acaso. Um casal, com um filho pequeno, passara a morar na casa que seria de caseiro do sítio - na verdade numa espécie de comodato. .
Arrisquei um acordo: nós faríamos a manutenção de alimentação em troca de que ele fosse cuidado por eles. 
Eles toparam e isto permitiu que Boris ganhasse uma nova família, rodeado de carinho. O coitadinho só falta falar, tal é a sua gratidão. 
E ai de algum estranho ou cão que se aproxime da entrada da casa, para que o velho invocado solte seu latido grosso, porém já não tão forte, já com passar do tempo.

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